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domingo, 20 de novembro de 2016

Fundos de capital privado são alternativa à crise para empresas inovadoras

O atual ciclo recessivo da economia brasileira, iniciado em dezembro de 2014, atingiu em setembro o segundo pior resultado da história. Já dura nove trimestres e acumula queda de produtividade de 7,9%. O efeito dominó do desaquecimento da economia se reflete em queda de investimentos em diversos setores, entre eles o de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Com poucos recursos públicos para fomentar as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), um dos principais mecanismos para as empresas inovadoras tocarem seus negócios são os fundos de investimentos privados.

De acordo com um estudo feito pela Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Abvcap), o capital comprometido vem crescendo de forma consistente nos últimos quatro anos. Em 2012, esse valor era de 52,7 bilhões e atingiu, em 2015, a marca de R$ 102,4 bilhões. Atualmente há cerca de 800 fundos atuantes no Brasil.

Os fundos de Private Equity e de Venture Capital são mecanismos que compram ações, entre 5% e 20%, de companhias que apresentam negócios inovadores e com potencial de crescimento em escala local regional e global. A diferença entre eles é o porte da empresa. O Venture Capital é voltado para empresas de pequeno e médio porte, com faturamento anual entre R$ 5 milhões e R$ 100 milhões. Já o Private Equity visa empreendimentos consolidados com faturamento anual na casa dos R$ 100 milhões.

Esses fundos são uma importante ferramenta para impulsionar negócios no ecossistema de inovação brasileiro, principalmente de startups. Os recursos financiam as primeiras expansões e levam o negócio a novos patamares no mercado.

Nesta segunda-feira (17), a Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores dedicou um painel para aproximar os gestores de ambientes de inovação – como parques tecnológicos e incubadoras e aceleradoras de empresas – dos fundos de Venture Capital e trocar experiências sobre como atrair esses recursos.

Para o presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), Jorge Audy, no modelo atual de empreendedorismo inovador, os agentes investidores são fundamentais. “Estes recursos são importantes para manter o setor em crescimento. O ecossistema brasileiro de inovação está em crescimento e precisa de investimentos para continuar competitivo”, disse o presidente da Anprotec, na abertura do painel.

A maior parte dos fundos de Venture Capital tem sede no Rio de Janeiro e em São Paulo. A concorrência para acessar os investimentos é grande, mas as chances são iguais para todos. Os critérios apontados pelos investidores como determinantes para o aporte no projeto são inovação, diferenciais competitivos relevantes, mercado abrangente, equipe qualificada e potencial de rentabilidade.

“Os pontos fundamentais que os fundos de investimento procuram são: um empreendedor que tem sede de crescer e mercado escalável. É preciso alguém com vontade de ganhar dinheiro. Tem que ser um negócio que cresça  em um ritmo maior que o desenvolvimento normal das coisas.”, disse o membro do Conselho Deliberativo da Abvcap, Clóvis Meurer, em entrevista à Agência CT&I.

Desafios e oportunidade
Um dos desafios do mercado de Venture Capital e Private Equity é a cultura do empreendedorismo. A avaliação é do CEO da Bran Ventures, Marcelo Almeida, que é o consultor operacional do Primatec, fundo lançado em 2015 pela Finep para investir em empresas de base tecnológica vinculadas à incubadoras de empresas ou parques tecnológicos.

“Muitas vezes o empreendedor não entende que o investidor é um sócio. Eles terão um relação direta no dia a dia. O papel do investidor não é só aportar dinheiro. Ele está lá para ajudar no processo de inovação e negócios, dando dicas e apontando onde o negócio deve ser aprimorado. Isso é reflexo da baixa cultura do brasileiro em empreender.”

O Primatec, que administra R$ 100 milhões, tem como diferencial “transformar” parques e incubadoras em parceiros locais do fundo. “Esse modelo faz com que eles nos ajudem a  prospectar negócios e a acompanhar os resultados. E serão remunerados por isso, com base em resultados”, afirmou.

De acordo com Clóvis Meurer, os gestores dos ambientes de inovação podem desempenhar um importante papel na atração desses investimentos. “Os parques deveriam buscar investidores locais e regionais para fazer a primeira aplicação de recursos no empreendimento. Esse é um caminho interessante que facilita a vinda dos fundos maiores para colocar dinheiro.”

Modalidades
Além do Private Equity e do Venture Capital, os investidores privados também utilizam o capital semente para impulsionar as atividades de empresas. O público alvo dessa ferramenta são os novos negócios. Muitas vezes, são ainda ideias ou projetos no papel. Na outra ponta, estão pessoas ou instituições que buscam altos retornos e estão dispostas a correr riscos, conhecidos como investidores anjos. Eles buscam, preferencialmente, empresas inovadoras e de base tecnológica, as startups.
(Felipe Linhares, da Agência Gestão CT&I)


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